quarta-feira, 11 de junho de 2014

"A Visita do Brutamontes", de Jennifer Egan (Opinião)



Há livros que escolhemos e que nos rejeitam, não por estarem mal escritos (a tradução dest'A Visita do Brutamontes é exemplar e deixa transparecer uma escrita fluida e muito mordaz) ou porque os personagens são desinteressantes, mas porque não somos os leitores adequados. Foi assim que me senti ao longo de toda a leitura: na certeza de estar perante uma obra-prima e incapaz de a apreciar por falta de referentes. Não é fácil perceber o universo em que se movem os personagens porque o mundo da música e do rock and roll é muito hermético, fechado sobre si mesmo e pouco acessível à maior parte de nós - tratando-se de referentes norte-americanos ainda mais distante me senti.

No entanto, não é possível ficar-se indiferente à genialidade por detrás da narrativa de Egan, que avança e recua, desafiando o tempo e o espaço com uma mestria invulgar. Pessoalmente, foi este o pormenor que me manteve motivada enquanto leitora, numa espécie de desafio entre mim e a autora para ver até que ponto é que ela me conseguia surpreender ainda mais com as técnicas que vai utilizando ao longo da narrativa.

Existem dois capítulos absolutamente geniais - não digo quais são porque ao longo dos 13 existem muitos por onde escolher - e é para cada um deles que vai cada estrela.

De facto, os Pulitzer para ficção não têm sido consensuais e este é mais um exemplo.
 
✰✰ (2 em 5)

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