domingo, 22 de junho de 2014

Leitura inacabada (e outras considerações) - "Os Filhos da Costa do Sol", de Manuel Arouca

Já tinha ouvido falar dos "meninos do Estoril", uma geração nascida e criada na Costa do Estoril, que viveu intensamente os anos 70.

Há uns dias, numa livraria, folhei um livro de Manuel Arouca intitulado "Os Filhos da Costa do Sol - A Nova Geração". Li a sinopse e só não o comprei porque me apercebi de que era a segunda obra de ficção que Manuel Arouca - também ele um "menino do Estoril" - escrevia sobre o assunto.

Foi, portanto, pela vontade de ler sobre a "nova geração", que iniciei a leitura daquele que foi considerado um dos primeiros grandes best-sellers da literatura moderna portuguesa.

No entanto, não consegui chegar sequer a meio do livro.. e nem a promessa de ter um segundo volume à espera me convenceu - "A Nova Geração" descende diretamente da primeira, e a maior parte dos leitores não resiste à possibilidade de saber o que sucedeu às personagens que o acompanharam durante a leitura de determinado livro.

Quando compro um livro forço-me a lê-lo até ao fim, por muito que a leitura não me cative - é uma questão que está diretamente relacionada com o investimento deliberado que foi feito: financeiro e emocional, porque a compra de um livro é também ditada pela emoção (se a capa é ou não sugestiva, se a ideia por detrás da história nos cativa ou não de imediato, se gostamos ou não daquele autor, etc.).
Este livro especificamente foi requisitado na Biblioteca das Galveias, em Lisboa, pelo que o investimento foi mínimo.

É do conhecimento generalizado que os anos 70 foram "loucos". Em Portugal não houve exceção a esta regra: foram vividos por uma geração inquieta, sem complexos, que respirava droga e sexo. Ainda assim, até onde li, Manuel Arouca vai-se referindo aos "betinhos" e "caretas", aos filhos das grandes fortunas daquela zona, cujos horizontes estava limitados pela recusa em embarcar nessa viagem alucinante ao mundo da droga, cujo bilhete eram as "joints", esses charros feitos de erva "da boa" - a melhor era importada das colónias portuguesas, consegui apurar.. Há, aliás, uma descrição fantástica de um baile de debutantes que, só por si, valeu o sacrifício que representou a tentativa de ler este livro.

Não consegui ler além das 100 páginas porque aquilo que deveria ser o contexto que envolve as personagens acaba por se transformar na temática do próprio livro: a eterna busca existencialista por parte da geração mais jovem, a presença permanente da droga e da bebida, o sexo inconsequente com as turistas estrangeiras que procuravam a Costa do Estoril, conhecida pelas praias e pelo estilo de vida despreocupado e indolente.. é só isto. Provavelmente a história evolui, as personagens amadurecem e o contexto endurece - dá-se entretanto a revolução de Abril e subitamente a realidade deixa de ser tão doce - mas o autor já não foi a tempo de me agarrar.


Ainda assim, esta é uma opinião (a minha) entre muitas. Até onde li, gostei da sensação de me identificar com algumas referências espaciais que são dadas - o Tamariz, as praias do Estoril, o "Deck", a discoteca 2000, etc. Mas não foi suficiente para me manter interessada, o que me entristeceu enquanto leitora, porque tinha altas expectativas para estes dois livros.

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