segunda-feira, 9 de março de 2015

"Uma Vida ao Teu Lado", de Nicholas Sparks



Uma Vida ao Teu Lado”, de Nicholas Sparks, pareceu-me a leitura ideal, depois da complexidade d’O Pintassilgo. A escolha foi totalmente alheia ao facto de o filme com o mesmo nome estar prestes a estrear nos cinemas (ainda não vi o trailer com receio de contaminar a minha imaginação).

Este é o segundo livro que leio de Nicholas Sparks e sei que não desiludiu os fãs do autor: duas histórias de amor, com tempos e ritmos diferentes, mas que se entrecruzam de uma maneira original, dando origem a um final surpreendente, que só é revelado nas últimas páginas do livro.

No entanto, as páginas finais são mesmo as mais emocionantes, porque nunca me senti verdadeiramente comovida com o romance entre Sophia e Luke, que é demasiado previsível.. a história entre os dois jovens é igual a tantas outras que já vimos em filmes americanos do tipo "rapaz conhece rapariga,  apaixonam-se e no fim ultrapassam todas as adversidades", ou naquela literatura de "cordel" mais ligeira. Tendo adorado uma das outras histórias de amor do autor que li recentemente - o livro "Uma Promessa Para Toda a Vida", esta desapontou-me por ser tão linear e, consequentemente, tão desinteressante.
Salva-se a história do amor intemporal entre Ira e Ruth, cujo interesse em comum pela arte os transformou num dos grandes colecionadores de arte contemporânea do século XXI.
 
É uma leitura leve, adequada aos dias de Primavera que se avizinham. Funcionou bem como livro de “transição”, como se fosse um sorvete de limão e hortelã que ajuda a limpar o palato após uma bela refeição.

✰✰✰ (3 em 5) 

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

"O Pintassilgo" de Donna Tartt


Uma bomba explode no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque. Nesse dia, com apenas 13 anos, Theodore Decker perde a mãe, mas ganha um quadro e um anel de sinete.

O quadro é o famoso "O Pintassilgo" de Fabritius, um discípulo de Rembrandt, considerado um génio perdido entre as grandes figuras da pintura holandesa do século XVII. Todas as subsequentes 800 e tantas páginas giram em torno desta obra de arte, cujo incalculável valor (sentimental para Theo, artístico e patrimonial para a humanidade) a transformam em objeto de admiração e cobiça.

O anel de sinete era pertença de um idoso que estava no museu com a neta e um objeto que acaba por determinar o percurso de vida de Theo, que segue o rastro desse anel até um antiquário, um local que será determinante no seu futuro.

Simultaneamente talismã e maldição, o quadro "O Pintassilgo" acompanha todo o percurso de Theo, de Nova Iorque a Las Vegas, e posteriormente até Amesterdão.

Órfão de mãe, Theo parte com o pai para Las Vegas, levando consigo em sigilo o famoso quadro e um desgosto que lhe parece inultrapassável. É lá que conhece Boris, uma das personagens mais cativantes deste romance, e com o qual se tenta reinventar através do esquecimento e fragmentação que só o álcool e as drogas podem proporcionar.

Quando regressa a Nova Iorque, Theo já é um adolescente quebrado por dentro: nunca recuperou da experiência traumática vivida no dia do atentado e nunca há-de emergir do ciclo vicioso iniciado em Las Vegas - os opiáceos eram a única fuga possível, catapultando-o para uma dormência tolerável.

O que se segue já faz parte da enredo do próprio livro. Theo volta à loja de antiguidades, à qual ficou irremediavelmente ligado desde que aceitou o anel de sinete das mãos do velho Welty, naquele dia fatídico.

A atribuição das 3 estrelas prende-se exclusivamente com a dimensão monstruosa do livro: são quase 900 páginas, indispensáveis para a total compreensão da narrativa, é certo, mas de certa forma cansativas e desmotivantes a partir do último terço da obra. Ainda assim, é uma história que vale a pena: a profundidade e complexidade das personagens, bem como a forma como a autora tece todo o enredo são, de facto, dignos do prémio Pulitzer para a ficção, que ganhou em 2014.

✰✰✰ (3 em 5)